BabyTime: #O INCENTIVO À NATALIDADE DA WELL´S E A POLÉMICA INSTALADA!

#O INCENTIVO À NATALIDADE DA WELL´S E A POLÉMICA INSTALADA!

15 janeiro 2018


Não sou de alimentar estas correntes que de vez em quando nascem nas redes sociais, mas sendo um tema que me toca em particular, quero partilhar aqui uns pensamentos que assim de repente me ocorreram sobre este tema. Provavelmente estou-me a por a jeito para ganhar umas haters, é a vida. 
Ao que parece a Well´s lançou uma campanha de incentivo à natalidade intitulada "Por um futuro com mais bebés" onde vai oferecer um conjunto de artigos por cada bebé nascido em 2018, como forma de promover a natalidade e claro, a sua gama de produtos Baby Well´s. Para usufruir dos artigos os pais só têm que registar o nascimento dos filhos no site da iniciativa em www.futuro.wells.pt. Simples, simpático e apelativo para todas as mães e futuras mães, bem jogado pela marca.

E o que é que se sucedeu na página de Facebook da Well´s? Uma onda de manifestações de desagrado por parte das mães de 2015, 2016, 2017 e por aí. Enquanto umas reclamam ter sido mães em dois mil e tal e não terem direito a nada, outras são extremistas ao ponto de bater o pé e afirmar "então não compro mais nada na Well´s", estilo amuo de uma criança de 3 anos quando a mãe não compra um saco de gomas. Devo confessar que fiquei perplexa ao ler este tipo de comentários. Eu também já fui mãe em 2013 e não ando aqui a lamentar-me de isto ou aquilo, aliás nem sequer me ocorreu tal coisa. Serei eu a única a achar que devíamos parabenizar a Well´s por estar a levar a cabo uma missão de incentivo a natalidade num pais envelhecido como o nosso? Num pais onde a média de filhos por casal é de 1.36?! Em Portugal, em 2014, foi feito um estudo que concluiu que eram necessárias 1,4 milhões de crianças para repor gerações. 






Serei eu a única a achar que o que a Well´s está a fazer é pioneirismo? É dar o exemplo? É claro que existe uma estratégia de marketing por detrás desta ação com objetivos comerciais, mas também existe uma clara vontade em criar proximidade com as mães e os bebés do futuro.   

Pouco ou nada fazemos pelo direito das mães, não temos incentivos do governo, não recebemos apoio das autarquias locais, não temos direito a incentivos de nascimento (salvo raras exceções regionais), não temos um sistema nacional de saúde com capacidade para atender todas as crianças e não nos vamos queixar a lado nenhum (contra mim falo), deixamo-nos andar aqui neste conformismo do costume. Mas uma marca põe-se a jeito, até quer dar uns miminhos aos bebés e pimbas, leva por tabela porque só vai dar às mães de 2018. É irrisório. Desculpem, mas é.   

Já para não falar na grande maioria (onde me insiro) que não tem direito ao subsidio pré-natal porque perante o estado somos ricas, mas andamos aqui todos os meses a equilibrar contas e a esticar o orçamento; e ao abono familiar ...bem esse desta vez nem tentei, para quê perder tempo? Já sei que não tenho direito. Mas se me divorciar por conveniência para ficar com o estatuto de mãe solteira (e há muita gente a fazê-lo pelos mais variados motivos ou simplesmente a não casar) já tenho direito a tudo, inclusive a ter as minhas crianças numa IPSS por menos de 200€ mês porque não vivemos num pais que apoia a natalidade. Mas isso é outra conversa. O mundo é para os espertos, não para os certinhos, já diz a minha avó!

E a educação? Países do terceiro mundo, como o Sri Lanka, onde já estive e presenciei, têm educação gratuita, transportes gratuitos e manuais gratuitos para a escola, a nossa paga-se e bem. Mas não reclamamos nada, não propagamos a nossa voz para além da nossa esfera social. Ah mas a Well´s oferecer 3 produtos ao bebé da minha vizinha e a mim não é que não pode ser. Nanananinanão. Isso é que não pode ser. Onde vamos parar com esta mentalidade, pergunto-me?

Por isso, este post é, acima de tudo, para dar os PARABÉNS à Well´s pela iniciativa de tornar 2018 um ano diferente para os pais de bebés!  E as restantes pessoas relaxem, a Well´s não nos vai pagar a facultade dos putos, a carta de condução, as vacinas não comparticipadas que custam uma nota, vai-nos só dar uns creme, umas toalhitas e quiçá uns cotonetes. 

Espero que outras marcas, mas sobretudo os poderes locais e nacionais num futuro próximo sejam mais ativos neste tema por um futuro melhor para todos.

 (E não, não conheço os senhores da Well´s nem me estou a fazer ao piso.)