BabyTime: QUANTO PESA A MINHA GRAVIDEZ?

QUANTO PESA A MINHA GRAVIDEZ?

08 novembro 2017

"Já estás assim?"
"A tua barriga está enorme"
"Eu estava assim com 7 meses"

- Sim, já estou assim!

* 20 semanas *
* A meio caminho *

E gostava de dizer que não estou em conflito com a balança, mas estou.
E gostava de ao menos afirmar que é porque como tudo o que me apetece, mas não é.
Eu também gostava de ser a grávida fit, role model para todas, sem problemas de peso extra, dores extra, mas estou longe disso.
Sou como sou. Esta é a minha genética. Esta é a minha carga hormonal. E estou numa segunda gravidez cópia da primeira. 
E sabem que mais? Ainda que não satisfeita com a balança, estou redondamente feliz!

Há 5 anos atrás era uma menina a descobrir a maternidade. Tudo era novidade, a cada semana percorria os sites sobre o desenvolvimento do bebé para imaginar como ele estaria, li-a livros, descobri-a novas lojinhas de roupa infantil, comparava berços e carrinhos, via reviews no youtube, coisas típicas de grávida de primeira viagem… estava a dar o primeiro mergulho no mundo mágico da maternidade. Se houve coisa a que não liguei nenhuma foi ao peso, em primeiro lugar porque sempre fui magra e achava que não ia ganhar muito, depois porque sentia mais fome e achava natural aumentar. 

Desvalorizei a balança e aproveitei a gravidez ao máximo, acordava a meio da noite com desejos de papa cerelac e comia, de manhã levantava-me com fome de leão e achava normal, comia quantas vezes o corpo pedia, saia para jantar fora e as refeições faziam-se sem regras restritivas, limite de doses diárias ou contabilização das calorias. Engordei 23kg e fui feliz, com a barriga, com o corpo, com as formas. Não perdi o peso todo no pós-parto, mas quando voltei da maternidade já tinha menos 10kg (só do Duarte foram 4kg) e os restantes kgs foram saindo semana a semana, mês a mês e quase perdi a totalidade num ano. Pelo menos voltei a um peso em que me sentia bem.

Se queria ter chegado aos + 23kg? Não, nem pensar, toda a vida imaginei que ia ser daquelas grávidas com mil cuidados com a alimentação, mas metam-nos hormonas em cima, ansiedade e fome insaciável que todos os planos se desmoronam.

Esta gravidez arrancou de forma diferente, comigo tão magra quanto como casei, com 52 kg, com enjoos severos como não tive do Duarte, com digestões difíceis e demoradas e achei que ia ser diferente e que desta vez me ia portar melhor com a balança. No entanto, o denominador comum da sensação de fome insaciável estava cá, por isso, todas as refeições que fazia terminavam com uma sensação fome, tal como na gravidez anterior. Noutras ocasiões, passados 30m de ter comido e ficado bem a fome voltava e chegava a ficar com os lábios a tremer, com sensação de quebra de tensão eminente. Isto após uma refeição composta e tinha que comer algo mais.

A verdade é que nesta gravidez já trazia bagagem e por saber o que “estas fomes” significavam, defini uma meta de peso, meti na cabeça que até aos 3 meses não queria engordar mais do que os 3kg recomendados, privei-me de comer tudo o que me apetecia (em termos de porcarias e snacks), defini um plano de alimentação saudável dentro dos conhecimentos que tinha: eliminei o pão ao pequeno-almoço, passei a comer iogurtes, fruta, papas de aveia, a fazer refeições mais abundantes em legumes e vegetais, a lanchar iogurte e a jantar sopa (coisa que já fazia)… segui a regra das várias refeições ao dia, dos frutos secos para enganar o estômago, de beber 1.5L de água por dia (mesmo com a água a saber-me a salobro), passei a contabilizar calorias e bom… engordei 7kg. Ou seja, o mesmo que na gravidez do Duarte onde não me privei de comer pizzas, massas, papas cerelac, etc. Acaba por ser irónico. 

Às 15 semanas comecei a ser seguida pela Nutricionista Gisela Carrilho, que colabora com frequência aqui no blog, com o objetivo de controlar esta tendência que tenho para o ganho excessivo de peso e para me fazer um novo plano alimentar. Fiquei esclarecida em relação a alguns fatores que desconhecia, como o facto de eu ter tendência para os níveis de glicose subirem rapidamente após comer hidratos de carbono e aumentarem a sensação de fome, algo que em estado normal nunca sinto. Esta sensação pode ser explicada simplesmente pelas alterações nos níveis hormonais da gravidez. Outra coisa que fiquei a saber é que a regra de engordar no máximo 12kg na gravidez não deve ser generalizada, todas temos corpos diferentes e uma mulher com indicie de massa corporal na magreza tem tendência a engordar mais do que uma com elevado índice de massa gorda. Eu estava na magreza no arranque da gravidez, esta tabela poderá esclarecer:


Nesta fase e a seguir o plano alimentar (nem sempre à risca) sinto muito menos fome do que no inicio da gravidez, já não preciso de dois pequenos-almoços, mantenho as doses de um almoço normal, o lanche também já só é o habitual antes de engravidar (um iogurte magro e um punhado de avelãs) e sinto-me melhor.

O plano ajudou-me a controlar o apetite, a passar mais tempo saciada ao longo do dia com truques alimentares e a evitar ter ataques de fome ou desejos de comidas menos saudáveis quando a glicose aumenta. A verdade é que continuo a ganhar peso, às 20 semanas tenho mais 10kgs no lombo e tive, até aqui chegar, alguns episódios de conflito com o corpo, de insatisfação e frustração com o espelho e a balança. Não era neste ponto que queria estar aos 5 meses, mas se o meu corpo reage assim perante uma gravidez, só tenho que aceitar e pensar positivo: se já recuperei de uma também recupero de outra.

Chateia-me um bocadinho essa pressão do limite de peso que os enfermeiros e obstetras impõe às mães. Chateia-me ter ouvido no parto “quis engordar e agora queria dilatar mais depressa?”. Chateia-me esta pressão para sermos todas iguais. Chateia-me pensar que vou ouvir tudo outra vez sempre que subir à balança. 

Não é fácil lidar com transformações no corpo quando sempre se comeu de tudo sem engordar. Mas finalmente decidi parar de colocar pressão sobre mim e cheguei a um ponto de estabilidade. Defini que já só me peso nas consultas, acabou a balança em casa, acabou a escravidão do peso e o contador de calorias. Afinal de contas, o que importa a balança se o mais importante da vida se está a formar dentro de mim? E se tiver que voltar a arredondar todas formas em prol do maior amor da vida, que assim seja. 

Não há pressão da balança que pague esta recompensa!

Mais alguém sente ou sentiu isto na gravidez?