BabyTime: #DESISTI DA MINHA OBSTETRA!

#DESISTI DA MINHA OBSTETRA!

22 novembro 2017


Durante a gravidez há uma pessoa que desempenha o papel mais importante de todos - a(o) nossa(o) obstetra. É a figura em quem confiamos a vida que estamos a gerar, as decisões, os exames, os next steps, seguimos religiosamente tudo o recomendam e escrevem no nosso boletim de grávida. São o nosso Deus da maternidade, a pessoa com mais capacidade para nos aconselhar e tranquilizar nesta jornada de 40 semanas.

Aquilo que esperamos dela(e) é simples: que durante 9 meses se mostre profissional e disponível. Eu, pelo menos, sou este tipo de grávida – raramente chateio, mas quando chateio preciso sentir envolvimento com a minha condição clínica – temos dentro de nós o bem mais precioso de todos. 

"Não precisamos falar todos os dias, muito menos todas as semanas, não precisamos ser amiga(o)s chegada(o)s, nem trocar confidencias, só precisamos de alguns minutos de atenção médico-paciente durante as consultas, e quando temos algum assunto sério, quando existe algum contratempo, quanto precisamos tomar uma decisão, quando estamos na dúvida se é caso para ir às urgências."

Nesta gravidez decidi, estupidamente (ou não), não ser acompanhada pela minha obstetra de sempre, a que me conhece como ninguém desde a adolescência e me acompanhou a gravidez do Duarte. Porque? Porque tive um primeiro parto complicado e senti que precisei de ter o apoio dela in loco e isso não foi possível. O Duarte nasceu num hospital público e a minha Obstetra do coração além de não trabalhar lá, estava fora numa missão militar. Mas apesar de tudo nunca deixou de me responder às mensagens que lhe enviei quando o trabalho de parto iniciou e até de livre vontade me telefonou dias depois a perguntar como estávamos –um gesto que cai bem!

Desta vez planeei ser acompanhada por alguém que conhece bem o hospital, as equipas residentes, por alguém que faz partos lá, independentemente se poderá acompanhar o meu parto ou não. Aquilo que preciso sentir é segurança e a certeza que vão ler as recomendações que ela escrever no livrinho de grávida na altura do nascimento. 

Volvidos quase 6 meses, não foi a melhor decisão e arrependo-me disso. Não criámos relação antes (apesar de já ter feito com ela o ultimo check up um ano antes da gravidez) e a sensação que tenho é que cai ali nas consultas de para-quedas como mais uma. Senti-me só mais um número no meio de tantos. Mesmo assim, não vendo melhor solução e tendo em conta o interessante percurso profissional dela, que não coloco em causa, decidi continuar mais um tempo. Vou manter o nome dela em anonimato pois não é meu objetivo denegrir a imagem de ninguém e o que para mim não foi bom, pode ser opimo para outras pessoas.

Não correu bem e a semana passada voltei à estaca zero. Desisti de ser acompanhada por ela. Ou seja, pela primeira vez na vida e durante uma das fases mais importantes de todas, estou sem obstetra. Já pensei voltar à minha antiga e ignorar o facto de não a ter no hospital ou encontrar outra a exercer lá. Mas como será que ela me vai acolher? Se lhe explicar o porque da mudança, vai-me achar picuinhas, queixinhas... provavelmente vai-me rotular e colocar-me no catálogo das gravidas complicadinhas.  

Porque tomei esta decisão radical?

Acima de tudo porque preciso de sentir confiança e respeito, da mesma forma que respeito quem está do lado de lá com a bata vestida. 

Só precisei dela três vezes (contrações, sangramento e dúvida com os exames), da primeira recebi uma resposta enganada à SMS (a SMS que recebi era para outra paciente) e da segunda recebi silêncioooo – e acreditem que uma pulseira laranja nas urgências é caso para queremos falar com a nossa obstetra. Precisamos de sentir ligação, preocupação e compromisso com a nossa gravidez. Da terceira, recebi como resposta um “quem é?’… dois dias depois da SMS do silêncio na qual me apresentei devidamente. 

"Respondi também com silencio. Ali, naquele momento desisti dela, desisti de responder mais uma vez a explicar quem sou, que idade tenho, de que quanto tempo estou…desisti de tentar investir nesta relação profissional de onde não senti zelo." 

Podia ter respondido, podia ter tentado uma 4ªa vez, podia voltar a ir lá, podia explicar que esperava outro comportamento… mas não nos bastam já todas as ansiedades inerentes a uma gravidez, ainda temos que estar também preocupadas com a nossa obstetra ausente e que nos deixa insegura? 

O que esperamos do nosso obstetra é tão simples quanto:

Proximidade q.b
Disponibilidade 
Profissionalismo 

Não queremos um médico distante, aluado, não envolvido, que nos trata como “mais uma”. Queremos alguém que nos compreenda, que respeite as nossas questões e que se envolva. 
Posto isto, ando à procura do plano B! 

O que teriam feito na minha situação? Podem ser honestas, se acham que exagerei digam, não vou vou atirar tomates maduros, até porque o mais certo era comê-los antes. 

Beijos