BabyTime: #COISAS QUE APRENDI NUMA SEMANA DE JARDIM DE INFANCIA PÚBLICO – PARTE II

#COISAS QUE APRENDI NUMA SEMANA DE JARDIM DE INFANCIA PÚBLICO – PARTE II

26 setembro 2017


O primeiro post gerou tanto pano para mangas que resolvi esmiuçar mais um bocadinho este tema que toca tantos pais. Espero que, depois disto, o Duarte não passe a vir cheio de bolinhas vermelhas na caderneta.

Pertenço à classe média trabalhadora deste país e a opção de retirarmos o nosso filho do privado para o ensino publico também passou, é claro, pela questão financeira. Além do colégio dele ter fechado antes do verão e de ter sido transferido temporariamente para outro onde nunca se integrou, o que nos motivou à inscrição no ensino público. Se tal não tivesse acontecido, tinha ficado seguramente mais um ano no privado, com a equipa que tanto gostava e da qual tenho saudades todas as manhãs – sinto falta daqueles rostos a quem confiava a minha vida e da relação próxima que já tínhamos.

Confesso que quando pensei nesta mudança, não pensei nas diferenças que ia sentir, penso mesmo que nem deviam ser tão dispares, mas bom… no privado pagamos e como tal, exige-se também outra “atenção”. O dinheiro é sempre ser um fator de peso em tudo na vida.

Na troca de mensagens que tive com os leitores sobre este tema, chegámos a mais algumas conclusões que achei que deviam ser reflectidas: 

1. 
Número de adultos para supervisionar as crianças

No JI  (Jardim de Infância) da escola do Duarte são 95 crianças: 3 turmas de 25 (o Duarte está numa delas) e 1 turma de 20, para 4 educadoras e 4 auxiliares. Não é preciso sermos génios da matemática para percebermos a média de atenção que isto dá por miúdo. Não quero dizer com isto que não confio no trabalho, como já referi anteriormente, está tudo a correr muito bem e gostei bastante da professora e da auxiliar, temo é que com o tempo se possa sentir alguma falta de acompanhamento individual. No privado, as creches são obrigadas a respeitar as regulamentações da Segurança Social, x miudos por x adultos e não se fala mais nisso. No público é bola para a frente. Claro que existe um limite, mas no privado uma turma chega a 18, no público são 25 para o mesmo número de pessoas. 

2. 
Contacto entre educadora e encarregado de educação

Não existe. A menos que tenhamos um horário de trabalho rotativo ou que estejamos desempregadas, não conseguimos pôr a vista em cima da educadora para estabelecer relação, transmitir um recado ou trocar impressões sobre a adaptação à nova escola. Deixamos os miúdos de manhã no ATL entregues a um elemento rotativo da equipa, ou seja, a pessoa de acolhimento não é a mesma todos os dias e à tarde vamos busca-los ao mesmo sítio, onde uma pessoa que não acompanhou o dia todo dele, nos poderá dizer se algo correu menos bem ou não. Existe uma caderneta do educando onde devem vir e ir os recados, um formato muito mais impessoal a meu ver, mas que infelizmente acho que vai ser o meu único ponto de contacto. No privado, vemos a educadora e a auxiliar quase todos os dias, pelo menos uma delas vemos sempre, até porque, praticam um horário mais alagardo, das 9h às 17h/18h, enquando que no público se pratica o seguinte: 9h30 - 15h30. Não existe qualquer nível de proximidade com professor-educando. Claro que se quisermos temos 1 dia da semana para lá ir falar, mas e toda a informação que se pode perder pelo meio? Os dias são compridos...

3. 
Atenção no acolhimento das crianças pela manhã

Depositamo-los lá e pronto! No ATL, não me conhecem de lado nenhum, não sabem o mue nome, nem o nome do meu filho (menos no JI, aí já sabem o dele), não fomos apresentados no inicio do ano lectivo e o processo é um bocadinho frio... deixamos a cria, damos o beijinho de bom dia, dizemos para se portar bem e vemo-lo ir arrumar a mochila. No privado as auxiliares conhecem todos os pais e as crianças e perguntam sempre se está tudo bem. Tenho esperança que com o tempo isso mude. 

4. 
Brinquedos identificados vs brinquedos perdidos 

Seja no público ou privado, os pais sabem que brinquedos deixam aos filhos levar, embora nem todos os locais aceitem, mas é uma coisa de miúdos, por mais que digamos para não levarem, eles fazem-nos olhinhos e dizem que queria mostrar aos amigos. No privado existe o cuidado de serem identificados para que nada se perca. No público a responsabilidade é da criança (sugiro que identifiquem todos em casa) e do princípio de cada um levar para casa brinquedos que não sejam do proprio filho e não devolver no dia seguinte. Quando isto acontece no privado, circula um e-mail pelos encarregados de educação a pedir a quem viu para devolver. No público "isto acontece mãe, são muitos".  

O sistema está definido assim e quem nunca teve um filho no privado provavelmente não sentirá diferenças, porque não tem termo comparativo. Reforço mais uma vez que a decisão foi nossa e que até está tudo a correr bem. Nem sou uma pessoa exigente com o tipo de escola (não precisa ser moderna e xpto, nem é, o que importa é o ensino e o bem-estar), mas gostava que os pontos 1 e 2, que são de extrema importância no processo escolar não fossem tão dispares. Muitas vezes acusam os encarregados de edução de negligencia, de não ajudarem nas tarefas da escola, de serem ausentes do dia a dia dos filhos, mas o que é certo é que a própria escola não fomenta proximidade entre aluno-educando-educador. Há dias que me sinto à deriva, vejo que voltou inteiro, sei que comeu porque me diz que "sim", mas não sei que actividades fez durante o dia, para o estimular em casa, nem se se portou bem ou mal. 

Para reflectir!