BabyTime: #QUANDO EDUCAR DOÍ – PARTE II

#QUANDO EDUCAR DOÍ – PARTE II

23 maio 2017


Recordam-se de em março ter sido apanhada na curva pelo aviso de “fecho” da creche do Duarte? Levei uma chapada sem mãos naquele dia. Os dias a seguir não foram fáceis. Chorei, chorámos, adotamos códigos em casa para falar do assunto sem que o Duarte se apercebesse da conversa e sempre que o deixava lá de manhã pensava “mais um dia para riscar no calendário em countdown para sairmos deste espaço fantástico”. Depois, com o passar das semanas aprendi a aceitar esta despedida, e, porque “o que não tem remédio, remediado está” comecei a aceitar a ideia de que este verão seria para prepara-lo para a mudança. Com foco na inscrição na escola pública e a entrada numa nova era, que faz parte da vida de todos os miúdos.

E eis que uma nova notícia veio abalar tudo. O colégio dele não vai bem fechar, vai, por motivos que não interessam nem quero expor, até porque não alteram o rumo desta história, mudar forçadamente de instalações para um novo local que por questões logísticas fica fora de questão. Ou ficava, pensávamos nós! Acontece que a ordem de “despejo” foi dada mais cedo e vamos ser forçados a ir para a nova morada já em junho e permanecer lá durante pelos menos 2 meses e meio, ainda antes das férias de verão. Esta notícia fez-me tremer porque vai obrigar o Duarte a duas possíveis mudanças de escola em tempo relâmpago. Digo possíveis pois optamos por não renovar a inscrição no privado, assumindo o risco, e vamos inscreve-lo na pública. Se tudo correr bem e ele entrar no ensino público, isso significa 2 mudanças de escola em 3 meses – precisamente aquilo que não queria que acontecesse. Por mais desenrascados que os miúdos sejam, eu conheço o meu, e sei que ele leva bastante tempo para se ambientar e temo que, quando estiver a aceitar a nova creche, lhe tenha de dizer adeus. 

Daqui a poucos dias, apenas 15, que vão passar a voar, o Duarte vai mudar para a nova morada e para um novo espaço. O lado menos mau é que a equipa se mantém, o que minimiza o impacto da mudança e atenua os efeitos de ir para um local desconhecido com menos espaço exterior e em plena cidade. Eu também me ando a mentalizar para novas rotinas matinais, com o despertador a tocar bem mais cedo e a planear o novo percurso de carro que vou ter que fazer para o trabalho.

A conversa que andava a adiar ter com ele teve que acontecer muito mais cedo do que o previsto e ando a gerir as perguntas diárias do porquê da mudança. Nesta fase ele não parece muito preocupado com o tema, já que os melhores amigos também vão estar presentes, tal como as educadoras e os meus argumentos têm sido muito positivos “já és crescido”, “vais para uma escola nova” e ele vai assimilando.  Mas sinto que estou a tapar o sol com a peneira, a remendar um buraco, ou a mentir-lhe descaradamente, porque a verdade das verdades é que vai para ali porque não temos outra opção neste momento e o nosso objetivo (forçado) é que em setembro comece numa escola nova. E depois do verão, que argumentos vou usar? Já estou a esgotar os créditos agora com esta argumentação barata do “ser crescido”. Ele é um miúdo espero, ontem bastou ouvir o tema mudança para amuar no sofá, sem nos querer dizer porquê, disse apenas que não gostava daquela conversa.

Este capitulo da nossa vida marca a despedida da escola de aldeia, perto do campo, rodeada de ovelhas e gansos, do jardim grande para brincar e do relvado extenso onde ele tanto gosta de jogar à bola. Foi ali que idealizei que ele crescesse até ir para a primária e custa-me partir daquele ambiente de paz, onde tantas manhãs me apetece voltar a ser pequena e poder ficar lá a brincar também. Hoje é terça-feira e já risquei mais um dia no calendário :(. 

Resta-me encarar a mudança pela positiva e transmitir-lhe segurança para o que aí vem, seja lá o que for!