BabyTime: #INCLUIR IOGURTE SKYR NA NOSSA ALIMENTAÇÃO: SIM? NÃO? OU TALVEZ? | (COOL)ABORAÇÕES NUTRICIONISTA GISELA CARRILHO

#INCLUIR IOGURTE SKYR NA NOSSA ALIMENTAÇÃO: SIM? NÃO? OU TALVEZ? | (COOL)ABORAÇÕES NUTRICIONISTA GISELA CARRILHO

09 maio 2017


Cá por casa a dieta alimentar é sobretudo mediterrânica e não seguimos nenhum plano de dieta em particular a não ser o do bom senso. Consumimos um bocadinho de tudo na dose certa e nunca pode faltar sopa. Eu sou a única com intolerâncias alimentares e evito o leite, mas consumo bastantes iogurtes em compensação. Os meus preferidos são os Bio Organic do Lidl, porque gosto de sabores neutros e pouco adocicados e recendente não escapei à tentação de provar os famosos Skyr. Gostei bastante do sabor, da textura espessa e desde aí que os tenho consumido moderadamente simples ou com frutos secos. No entanto, como têm uma elevada riqueza proteica, quis perceber melhor o que é este iogurte, quem o pode comer, como e quando e pedi ajuda à Dra. Gisela Carrilho. Será que as crianças têm benefícios em ingerir Skyr? Deixei tudo nas mãos da “nossa” nutricionista residente, para nos deixar esclarecido(a)s.

Incluir Iogurte Skyr na nossa alimentação: sim? não? ou talvez?
Será um iogurte ou um queijo?
Eis as questões que pairam na cabeça de muitos de nós.


Conhecido como o superalimento da alimentação saudável o Skyr® esgota antes de chegar às prateleiras dos supermercados, obrigando à sua reposição várias vezes ao dia. Em minha opinião.... mais uma moda alimentar que surgiu nas redes sociais e que conduziu a esta estonteante corrida aos supermercados na esperança de encontrar a última” bolacha do pacote”.  

Com que fundamentos?! Analisaremos já de seguida. 

A oferta de novos produtos alimentares tem crescido de dia para dia e desculpem-me a sinceridade, mas de repente parece que todos sabem falar e dar conselhos sobre nutrição e alimentação. O que me deixa bastante apreensiva.  E a consequência deste fato é um aumento aterrorizante de superalimentos e um desenfreamento na sua compra. O que deixem-me que vos diga...a indústria alimentar agradece! 



Afinal o que ép Skyr?

O Skyr é um produto lácteo, comercializado em Portugal como iogurte e vendido nas cadeias de supermercados Lidl®. Este produto é proveniente da Islândia produzido desde a Idade Média. Formado a partir de leite magro pasteurizado, de textura espessa aliada a um sabor suave mas levemente azedo.

Mas afinal é um iogurte ou será um queijo?

Quanto à textura assemelha-se mais ao queijo quark (espessa) do que propriamente a um iogurte (cremoso). Tal como tínhamos referido no post anterior quando falamos em iogurte ele é definido como sendo... um produduto coagulado e obtido por fermentação láctica devido à acção exclusiva do Lactobacillus bulgaricus e do Streptococcus thermophilus sobre o leite e produtos lácteos (…). Ao analisar a lista de ingredientes do Skyr (na sua versão natural)  nada nos diz que as culturas microbianas usadas são exclusivamente estas duas bactérias, pelo que se pode questionar a hipótese do skyr ser ou não um iogurte. Por outro lado,  e apesar de ainda não ser consensual, quando olhamos para a definição de queijo, de acordo com a legislação Portuguesa, o Skyr aproxima-se bem mais da designação de queijo [4].

Valor nutricional do Skyr 

Antes de mais não nos podemos esquecer que estamos a falar de um lacticínio sendo a sua principal qualidade nutricional a riqueza natural em proteína e em cálcio. São alimentos completos e têm, por isso, a sua importância na nossa alimentação. São benéficos para o desenvolvimento dos ossos e dentes e para a recuperação/ manutenção muscular pela proteína. 

O produto em questão, na sua versão natural, tem cerca de 17.7 gramas de proteína, sendo que o iogurte tem 150 gramas. “Isto equivale a 3,5 mais proteína que o iogurte comum (cerca de 5.1g numa embalagem de 125g)  E ainda fornece 20% da necessidade diária de cálcio. Entre os vários benefícios do Skyr, destacam-se os valores quase nulos de gordura, o aumento de absorção de cálcio, minerais e vitaminas, e o facto de diminuir o risco de osteoporose, devido ao elevado teor de cálcio.

Além disso, melhora a microflora no intestino e o trânsito intestinal e reduz a atividade da bactéria helicobacter pylori — que causa infeções no estômago. Ainda possui um efeito probiótico. Isto é, “estimula o crescimento das bactérias responsáveis por inibirem a atividade de outras bactérias intoxicantes e perigosas”. Mas há mais: diminui o risco de cancro de cólon, estimula o sistema imunitário e diminui os níveis de colesterol.

Apesar de as versões de fruta terem uma composição nutricional relativamente boa, quando comparados a outros iogurtes de fruta, a versão natural do Skyr é a mais adequada, com menos adoçantes artificiais. Basta comparar a lista de ingredientes. 

Recomenda-se o seu consumo à população em geral? 

As guidelines para a ingestão de proteína são de 0.8g de proteína/kg de peso corporal/dia para a população em geral. Os resultados do Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física2  indicam que os portugueses consomem, em média, 2.1g/kg de peso corporal/dia ou seja mais do dobro do que precisam! Há alguns anos atrás pensava-se que o consumo excessivo de proteína poderia estar relacionado com a doença renal, mas estudos recentes [1]  indicam que um consumo de proteína acima das 1.5g/kg peso corporal/dia, em indivíduos saudáveis, não aumenta o risco de desenvolver doença renal. No entanto, o consumo excessivo de proteínas pode, a longo prazo trazer consequências para a saúde.  Neste âmbito é importante refletir. Ora se já consumimos mais do dobro da proteína, através da nossa alimentação, será adequado e necessário adicionar skyr à nossa alimentação?

É recomendado para crianças?

O Skyr ajuda no crescimento ósseo devido ao seu elevado teor de cálcio. No entanto uma embalagem inteira (150g) pode ser excessiva devido à quantidade de proteína presente. Deste modo a dose consumida deste produto deverá ser ajustada ao padrão alimentar de cada criança. Continua, assim, a ser preferível um iogurte natural sem açúcar de adição (com menos de 5g de açúcar/100g de alimento). 

Recomenda-se o seu consumo para atletas?

Em 1º lugar é fundamental perceber que um atleta é uma pessoa que treina rigorosamente, e que tem objetivos bem definidos, ou seja, um atleta não é quem vai ao ginásio apenas para manter a saúde e a boa forma fisica.  De acordo com Colégio Americano de Medicina Desportiva, em conjunto com a Associação Americana de Dietética e os Dietistas do Canadá, a ingestão de proteína recomendada varia de 1.2 a 2.0g de proteína/kg de peso corporal/dia para atletas (treinos de resistência vrs endurance). Neste âmbito o skyr® até pode ser um bom aliado para enriquecer a alimentação do atleta e ajudá-lo a atingir as suas necessidades proteicas. No entanto, é importante lembrar que há alimentos igualmente proteicos e mais acessíveis que podem ser consumidos em vez do skyr (iogurtes, leite, queijo, carne/peixe/ovos, as leguminosas como feijão, grão, ervilhas, favas, tremoços, etc.) para refeições antes e após um treino.

Qual a melhor altura do dia para consumir Skyr?

Pelo elevado teor proteico, poderia pensar-se que é um excelente alimento para atletas no pós-treino, enquanto recuperador muscular; no entanto, a proteína (caseína)  destes produtos por ser de absorção lenta tem maior interesse quando consumido durante o dia (manhã) ou à ceia [3]

Concluindo...

Apesar do skyr ser um alimento muito versátil podendo ser adicionado de fruta, compota e utilizado em smoothies e molhos a minha escolha pessoal, e enquanto profissional, vai para o iogurte natural sem adição de açúcar. 

O meu obrigado à Dra. Gisela Carrilho por todo o contributo nesta análise detalhada a este alimento. Eu vou continuar a consumir moderadamente como parte da minha dieta, até porque, acreditem ou não, não gosto de iogurtes adocicados e encontrei no Skyr com nozes o equilíbro perfeito para alguns lanches da semana. O segredo é saber dosear. 

[1] https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1262767/pdf/1743-7075-2-25.pdftricional.pdf 
[2] https://ian-af.up.pt/sites/default/files/Anexo%202%20%20Tabelas%20Ingest%C3%A3o%20Nu
[3] https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5188418/pdf/nutrients-08-00763.pdf
[4] http://www.esac.pt/noronha/legislalimentar/Portaria%2073_90.pdf