BabyTime: #A GERAÇÃO DE MÃES QUE ESTÁ A EDUCAR (MINI)LLENNIALS FEMINISTAS!

#A GERAÇÃO DE MÃES QUE ESTÁ A EDUCAR (MINI)LLENNIALS FEMINISTAS!

10 abril 2017


Crónica: Capazes (original aqui)

Esta semana partilhei um vídeo no Instagram onde o meu filho de 4 anos surge com dois tachos na mão a explicar como se faz arroz e, inevitavelmente, foram algumas as manifestações que recebi. Se fosse uma menina era “Que querida, já ajuda a mamã!”, como é um menino assisti a uma bola de neve de espanto geral “A sério que ele sabe isso? Demais!”, como se fosse um grande brilharete. Partilhei por achar piada ele estar a repetir a receita para não se esquecer.

As mães de rapazes também se manifestaram com mensagens de parabéns e fiquei feliz. Sabem porquê? Porque estamos silenciosamente unidas a fazer a mudança de mentalidades e a transformar o lugar das mulheres na sociedade. As crianças são um reflexo dos adultos e esta idade esponja é a ideal para lhes darmos o exemplo. Não sei se vai ser a geração do meu filho a conseguir essa conquista, mas não tenho dúvidas nenhumas de que o impulso está dado.

Não lhe quero tirar a infância, mas sempre que ele se manifesta disponível para aprender e imitar a vida adulta, ensino-o. Com a minha supervisão, fazemos em conjunto tudo o que as mulheres fizeram toda a vida como sendo uma tarefa exclusiva feminina. Pôr detergente na máquina da roupa, mexer o refugado com a colher de pau, adicionar arroz ao tacho, lavar a loiça (mesmo que a cozinha fique inundada), são tudo ocasiões habituais lá por casa, onde lhe estou apenas a transmitir o dever de colaboração, entreajuda e equidade.

Ainda existem demasiadas assimetrias, mas arrisco afirmar com orgulho que nós somos a primeira geração de mães que está a educar, sem medos, os rapazes minillennials feministas.
Os rapazes minillennials feministas sabem que a mãe e o pai dividem tarefas e que a cozinha não é só da mãe nem a garagem só do pai. Lá em casa usamos muito a frase “é de todos”, em primeiro lugar para fomentar a partilha e, em segundo lugar, para que ele perceba o que é viver numa sociedade de igualdade.

Os rapazes minillennials feministas não sofrem de discriminação de género com brinquedos. Têm livre acesso a todos os tipos de brinquedos e escolhem com o que querem brincar. Por exemplo, se a Maria vai lá a casa brincar, brinca com o que há. Se o Duarte vai a casa da Maria, brinca com o que há, sejam bonecas, popós, legos ou pinturas. O Duarte tem desde os 2 anos uma cozinha de brincar, um mini balde e uma esfregona porque quis, e tanto leva para a escola o livro da Frozen como o livro do Batman, assim como tanto adora ver os desenhos animados do Blaze como os do My Little Pony.

Os rapazes minillennials feministas têm mães que os educam de forma transversal para serem independentes nas suas tarefas e valorizarem a entreajuda nos seus relacionamentos a todos os níveis. No fundo, só os estamos a dotar de mais ferramentas e skills.

Os rapazes minillennials feministas sabem que existem diferenças entre sexo e género, mas são educados com padrões de igualdade para crescerem numa base de respeito, porque o combate à discriminação começa dentro de casa.

Lamento que ainda existam homens a pensar que os filhos rapazes não podem brincar com bonecas ou pintar os lábios por graça com batom da mãe. Não é isso, de todo, que lhes vai alterar a orientação sexual. Educar para a igualdade não é sinonimo de desvios sexuais. Educar para a igualdade é devolver á humanidade as bases da criação do homem e da mulher. Educar para a igualdade é voltar á estaca zero e redefinir as regras. Educar para a igualdade é humanizar o mundo e devolver ao ser humano a sua identidade base.

A todas as mães de rapazes que estão a contribuir para a mudança e educam desta forma os filhos homens sem esconder a cara, os meus parabéns! A todos os homens que acham que os estamos a tornar femininos, os meus sentimentos, os bons valores de um ser humano não têm género.

Créditos: Liete Couto Quintal