Sair de casa com os filhos atrás
para ir ao supermercado, ao parque infantil, teatro ou a um aniversário é
sempre uma caixinha de surpresas, ora corre tudo de feição e aproveitamos os
ventos favoráveis, ora tudo é motivo para bater o pé e desejamos voltar para
casa o quanto antes. Eu que o diga, nesta fase de afirmação da personalidade
dos 4 anos, um puro upgrade da teimosia dos terrible two com a argumentação dos
3 anos, sinto-me a andar de mota sem volante, sem saber onde vou parar.
Vocês também sentem que, por
melhor que o plano tenha sido traçado, (ter sido respeitada a noite de sono, o
banho, as refeições a horas) as vossas crianças escolhem os momentos mais inapropriados
para dar espetáculo em público? E que de repente ficamos sob a mira das
restantes pessoas como se estivéssemos sob um teste de parentalidade? Se
conseguirmos controlar as birras somos pais TOP, se por outro lado a criança
não parar de berrar “coitada, é porque não deve ter educação em casa”.
Ainda no sábado enquanto
estávamos a assistir à peça do Capitão Miau Miau uma menina desatou a chorar
logo no início, do pouco que percebi, acho que sentiu medo das personagens. É
normal, pode acontecer. O que não falta por aí é gente com fobia a palhaços. A
mãe nem teve tempo de a tentar acalmar, teve logo que se retirar para o fundo
da sala debaixo de uns quantos olhares reprovadores que silenciosamente diziam “cala
a tua filha”. São situações incontroláveis e que são sempre mais embaraçosas
para os pais do que para os filhos.
Felizmente, o Duarte não é de
muitas fitas na rua (desempenha com distinção esse papel em casa, sobretudo para tomar banho), mas tem uma personalidade forte e é de ideias fixas,
o que significa que quando as faz na rua “não é para meninos”. E, porque já todo(a)s
nós passamos por situações dessas, hoje partilho:
3 dicas para resolver birras em público
1.
Criar uma distração
Antes de saírem de casa coloquem
na vossa mala algumas “surpresas”. Em caso de birra, puxem para fora o brinquedo
novo ou aquele que já estava esquecido há muito tempo, pode até ser um livro,
ou um snack. Distrair a criança no imediato pode ser uma forma de contornar o
problema.
Quando o mau humor acalmar, então
é altura de calmamente discutir a situação. Ajoelhe-se para ficar ao nível dos
olhos da criança e, com uma voz clara e firme, diga qual comportamento que espera
ver dela. Aguarde até que a tempestade tenha passado antes de abordar o
comportamento público apropriado.
2.
Sorrir
Quando a criança começa uma
birra, ela espera uma reação negativa dos pais. Porém, se responderem a uma
birra de uma maneira inesperada, o cérebro da criança reavalia a situação e
isso muda a perceção da criança do contexto emocional para o racional.
Durante a birra, o seu objetivo é
fazer com que a criança comece a pensar logicamente e abandone o estado de
choro. Rir durante uma birra é muitas vezes o gatilho que o cérebro delas
precisa para deixar a emoção e ouvir os pais novamente.
Outro benefício de rir é que os
outros vão achar que está tudo controlado. Rir passa a ideia de que estão
conscientes do comportamento da criança, mas despreocupados com a situação.
Perder o controle em público só vai fazer com que pareçam impulsivos aos olhos
dos outros.
3.
Estabelecer um sistema de incentivos (não de subornos)
Os subornos têm uma má reputação
entre os pais – e eu concordo. Subornar para conseguir bom comportamento é
abrir antecedentes para futuras recaídas. Afinal, as crianças só continuam com
o que funciona. No entanto, podem experimentar configurar um sistema de
incentivos para usar como alavancagem contra futuras birras. Por exemplo: se
prometerem à criança pela manhã que vão levá-la ao parque após o almoço, ameacem
tirar a recompensa prometida se ela entrar numa birra. Mesmo se não tiverem pré-selecionado
um incentivo, podem sempre retirar alguns privilégios como poder ir para a cama
um pouco mais tarde ou não terem direito a determinado brinquedo por algum
tempo caso a birra continue.
No entanto, não cruzem a linha
entre tirar privilégios e ameaçar. Não ameacem nunca uma criança com danos
físicos ou castigos. A aposta deve ser sempre em fomentar a cooperação, confiança
mútua e respeito. Com jeito é possível incutir respeito sem assustar a criança
com submissão.
Muitos pais têm medo das birras
públicas, o que é em parte o motivo delas serem tão comuns. As crianças sentem a
insegurança dos pais e testam-nos, por isso ter um plano sólido para lidar com as
famosas birras ajuda a manter a calma e o controle. A próxima vez que você se
depararem com uma birra, experimentem uma destas 3 técnicas discretas e
partilhem os resultados.
Beijos
