BabyTime: #Ansiedade: é preciso falar sobre nós

#Ansiedade: é preciso falar sobre nós

29 junho 2016


  • Nós, as mães que sofrem de ansiedade e não baixam os braços;

  • Nós, que mesmo com este maldito síndrome não desistimos de nós e originámos uma vida;

  • Nós, as mães que conseguem disfarçar um ataque de pânico para não deixar os filhos preocupados;

  • Nós, as mães que diariamente lutam contra todos os medos para contrariar esta incompreendida doença;

  • Nós, que mesmo com as fraquezas desta doença invisível, lutamos pelos nossos objetivos;

  • Nós, as que sofremos de ansiedade desvalorizada pela maioria das pessoas;

  • Nós, que somos muito mais fortes do que julgam.


emotions,cf,cup,coffee,courage,home-1440e27ab652bec5a99f8aacd36fff1f_h


São poucas são as vozes da ansiedade, esta doença da vida moderna que afeta sobretudo as mulheres antes dos 35 anos, e são muitas as opiniões “é tudo psicológico”, “vai passear que isso passa”, "tens que aprender a controlar isso". DIGO-VOS: A ANSIEDADE NÃO AVISA QUANDO CHEGA, CHEGA SEM MOTIVO E NÃO SE CONTROLA.  A minha vive comigo desde os 20 anos, já são 11 anos a lutar contra ela (ou para falar a verdade a conviver com ela), a batalhar para que ela não afecte as minhas rotinas, a minha vida social e o nosso bem-estar familiar. É UMA LUTA PARA A VIDA, há semanas felizes sem sintomas que contribuem para aumentar a confiança e depois há dias maus, em que ela surge sem avisar e segue-se uma semana cansativa, física e emocionalmente, porque uma crise nunca vem só e porque uma crise gera medo de uma próxima (efeito bola de neve). Às vezes é “só” falta de ar, ás vezes é “só” dor no peito, outras vezes é um vazio enorme como se não estivesse no meu corpo, outra vezes é uma mistura explosiva de nervos, tremores, dores musculares, batimento cardíaco acelerado e um MEDO GIGANTE e inexplicável de não sobrevivermos àqueles minutos de pânico/ansiedade.


Sei que não estou sozinha e que existem inúmeros casos à minha volta, mas parece haver vergonha de falar sobre ela. Vergonha para mim é estar mal e não procurar ajuda, é deixar de sair à rua sem motivo, é tentar camuflar que vivemos de forma diferente. Não posso dizer que vivo bem com ela, ODEIO-A COM TODAS AS MINHAS FORÇAS, “invejo” quem é normal, no sentido em que gostava de saber como é ter um dia normal, sem pensar que vou sair de casa e que pode acontecer no transito, no shopping, no trabalho, na ida ao parque com o Duarte, ou durante a reunião x e y. No fundo, gostava de ver a vida sob um prisma normal. Contraditoriamente ao que se possa pensar, nunca tive ansiedade na gravidez nem no trabalho de parto, porquê? PORQUE ELA É MATREIRA, ELA NÃO CHEGA QUANDO É MAIS PREVISÍVEL, ELA ESCONDE-SE CÁ DENTRO PARA DESPERTAR NO MOMENTO MENOS ESPERADO E ATACA COM O OBJETIVO DE FAZER MOSSA.


Como é o meu dia a dia? É normal, dentro do possível, faço as lides domésticas, dou o pequeno-almoço ao Duarte e levo-o à escola, sigo para o trabalho, faço as rotinas normais que todos fazem, convivo, não me abstenho de nada, saio à noite, frequento festivais. Sou mãe, mulher e filha como as outras mulheres. Mas levo-a sempre no pensamento, carrego o peso dela em mim, pois nunca sei quando ela me vai deixar em "stand bye" a meio de uma ida à praia, no passeio de fim de semana, no evento do trabalho... atrapalha-me a vida a cada minuto. A medicação ajuda, mas infelizmente não cura (porque não a há).


Se sou feliz? Sou, nunca tive pensamentos suicidas, derrotistas, mas já dei por mim a pensar que é fácil alguém cair nessa ideia tola para se livrar dela. Mas sabem que mais? EU SOU CAPAZ. NÃO POSSO DEIXAR QUE ELA ME IMPEÇA DE VIVER. Procurem ajuda especializada, partilhem experiências (sinto falta de grupos de apoio, no Brasil há imensos) e dêem o melhor de vós. MALDITA SEJAS. NÃO LEVAS A MELHOR DE MIM.